Claudemir Pereira: da Arena ao apoio a petistas, a trajetória do decano José Haidar Farret

Claudemir Pereira

Claudemir Pereira: da Arena ao apoio a petistas, a trajetória do decano José Haidar Farret
O fato político eleitoral da semana que está terminando tem unanimidade de opiniões. Ou quase. Salvo um ou outro, que o escriba não conhece, todos os demais observadores entendem que o confirmado apoio de José Haidar Farret aos candidatos petistas a deputado, Valdeci Oliveira e Paulo Pimenta, é inusitado – no mínimo.

Pode ser. Talvez seja, mesmo. Especialmente se a situação for confrontada com o histórico conservador do ex-prefeito, construído ao longo de mais de cinco décadas, e a partir dos primórdios de sua atuação política, nos anos 60 e na Arena, partido de sustentação parlamentar da ditadura.

Agora, se for feito um corte nessa trajetória, a partir de 2016, quando de sua desfiliação do Progressistas, o sucedâneo da Aliança Ronovadora Nacional, e que já fora PDS e PPB, talvez não seja assim tão surpreendente. Antes que o leitor supunha ter pirado o colunista, seria conveniente atentar para um conjunto de situações havidas nos últimos seis anos e pouco. Depois, concordar ou não são possibilidades críveis.

Relembrando. Na metade de abril de 2016, na condição de vice-prefeito de Cezar Schirmer, do MDB, Farret já estava amuado com sua agremiação. Então, o PP se recusava a aderir ao chapão governista que se formava em torno do ex-petista, e recém-chegado ao PSB, Fabiano Pereira.

A sigla, contrariando Farret, preferia a candidatura própria de Sérgio Cechin ou, em proximidade ideológica mais óbvia, aliar-se ao então oposicionista Jorge Pozzobom e o PSDB. O que, por sinal, haveria de se confirmar mais adiante.

A situação se tornou tão insustentável que, na noite de 27 de abril, em reunião do Diretório Municipal do PP, se anunciava o recebimento da carta de desfiliação de Farret, acabando com uma história (aliás, cheia de vitórias) de, até ali, 47 anos.

De lá para cá, até chegar ao evento político eleitoral pró-petistas da semana passada, quase se pode dizer em acordo com sua personalidade e jeito de fazer política, o veterano e respeitadíssimo (não há quem não, de tempo em tempo, o visita para um rapapé fotografado) ex-prefeito, ex-vice e ex-deputado estadual coleciona fracassos e vitórias políticas.

Sim, perdeu, e feio, a eleição de 2016, pois a dobradinha PSB/MDB, com Fabiano e Magali Marques da Rocha, sequer chegou ao segundo turno. Mas no pleito seguinte teve duas vitórias. Apoiou Silvio Weber, do mesmo PSB, em Itaara, e venceu. E também declarou voto no outrora adversário Jorge Pozzobom, no segundo turno santa-mariense em que o tucano, com apoio não oficial da esquerda, venceu de lavada justamente o candidato do PP, Sérgio Cechin.

Um comportamento errante, dirão alguns, esse de José Farret. Sobretudo a partir da saída do PP. Mas o fato é que não há um só político local que duvide da credibilidade do decano. E que, sim, mantém grupo fiel (talvez decrescente, mas não tão) de apoiadores. Que, agora, supõe-se, apoiarão Valdeci e Pimenta. Supõe-se.

Rapapés aos forasteiros. No PDT, sim. Mas noutros grandões, também

Foto: Divulgação

FORASTEIRA

A vereadora do PDT Luci Beatriz Duartes (foto) declarou, dias atrás, que apoiaria os candidatos locais – à época, Marcelo Bisogno ainda era, depois desistiu, pretendente a cadeira na Assembleia Legislativa. Mas também deixou claro que não haveria exclusividade santa-mariense, e que receberia outros candidatos também.

Até aí, tudo bem, disseram ao escriba pedetistas graduados. Só não precisava, afirmam, tanto rapapé, com direito a postagens e fotografias nas redes sociais, com uma forasteira da capital e dizendo ser ela a “minha candidata” – em detrimento do boca-do-montense Paulo Burmann. Pooois é.

FORASTEIROS

Mas essa não é uma exclusividade do partido criado pelo falecido Doutor Leonel. Já há dissensos perceptíveis claramente no Progressistas, em relação ao candidato da sigla à Câmara dos Deputados, preterido em favor de visitantes. E há idêntico comportamento também, por óbvio, nas agremiações grandonas que se abstiveram de indicar nomes para o parlamento federal. São casos mais evidentes o  MDB e PSDB, mas também  é a situação, por exemplo, do Republicanos e do PSB, verdadeiros paraísos para os militantes vindos d’alhures.

O que sobrou na Câmara em época pré-eleitoral? Audiências públicas!

Foto: Guilherme Superti (Divulgação/Câmara)

Sim, é possível que alguma decisão fundamental venha a ser tomada na Câmara, nesses tempos de expediente curto e sessões sem discurso. E que se prolongarão até 2 de outubro.

Mas o certo é que o trabalho legislativo não para e, reconheça-se, aos olhos do público está centrado em reuniões abertas sobre projetos em discussão no parlamento. E que, por sinal, têm levado público numericamente interessante, e com certeza bastante vinculado aos temas em debate.

Dois exemplos podem ser citados, ocorridos separados por uma semana.

No dia 3, duas comissões (Cidadania e Direitos Humanos e Saúde e Meio Ambiente) patrocinaram audiência para debater o projeto (de Marina Callegaro e Paulo Ricardo Pedroso) referente à presença de “doulas” nas maternidades.

Já nesta quarta-feira, dia 10, por obra da comissão especial que trata da matéria, em discussão (foto) estava o projeto do vereador Getúlio de Vargas, que proíbe algumas ações que atrapalham o sossego público, incluído o consumo de bebidas alcoólicas nas vias públicas na madrugada.

Esse tipo de reunião, que até já acontecia, virou quase exclusividade, como meio de discutir alguma coisa no parlamento, nesse momento pré-eleitoral.

Luneta

ESQUERDA-ESQUERDA

E então a Esquerda-Esquerda, na medida do possível, tenta ocupar todos os espaços disponíveis, para oferecer suas ideias ao eleitorado. Assim é que PCO e PSTU também apresentaram candidatos ao Senado. No caso, respectivamente, Francisco Franke Settineri e Fabiana da Silva Sanguiné. Ambos também terão candidatos ao governo. A saber: Paulo Roberto Silveira Pedra Júnior (PCO) e Rejane de Oliveira (PSTU).

11 NOMES

É verdade que o prazo para oficializar na Justiça acaba nesta segunda, 15, mas o fato é que, em princípio, serão mesmo 11 candidatos à vaga gaúcha ao Senado. A saber: Airto Ferronato (PSB), Ana Amélia Lemos (PSD), Francisco Franke Settineri (PCO), Fabiana Sanguiné (PSTU), Hamilton Mourão (Republicanos), Maristela Zanotto (PSC), Nádia Gerhard (PP), Olívio Dutra (PT) e Ronaldo Teixeira (Avante). 

SEMELHANÇA

Então, Cezar Schirmer deixou o Diretório Estadual. Ele também abriu mão da condição de delegado à convenção nacional do MDB, mas declarou que vai apoiar candidatos proporcionais da sigla em outubro. Houve quem notasse no comportamento do ex-prefeito santa-mariense (e atual vereador na capital) o mesmo roteiro começado, há seis anos, por José Haidar Farret, então no PP e hoje independente.

15 SEGUNDOS

As contas serão fechadas após o registro oficial (e da confirmação legal) dos candidatos. Mas as contas já começam a ser feitas, para ocupação do espaço no trololó eletrônico, a campanha eleitoral no rádio e na TV – que começa dia 26 deste mês. Sim, haverá candidato a governador gaúcho com 15 segundos disponíveis. Mal dá para dizer o nome, o partido e o número. Ah, e o cargo. Propostas? Nananinanão!

PARA FECHAR

A menos que José Farret se filie a algum partido, o que parece bastante improvável, e, goste-se ou não, ele sempre será vinculado ao PP ou seus antecessores, PPB, PDS e Arena. E não adiantará, em que tempo for, nota explicando que não é mais da sigla. As pessoas identificam o ex-prefeito, de forma indelével, como integrante do partido. Enfim, ele saiu do PP, mas o PP não saiu dele. E ponto.

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